sexta-feira, 18 de julho de 2014

 Há algum tempo venho fazendo uma reflexão acerca de mim mesmo, do mundo e da igreja do Senhor, e Deus  vem me falando algumas coisas...
Jesus no livro de Mateus 6 nos advertiu dos perigos das riquezas...
19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 

Foto tirada das imagens do Google

Vivemos em um mundo onde a marca dos dias atuais parece ser: "Juntar tesouro " nesta  terra. O mundo anda freneticamente nesta direção, tudo no mundo caminha para o bem estar nesta vida. Pessoas se matam de trabalhar, estudam , labutam arduamente com vista  apenas em uma coisa: " dinheiro ". Isso, porque o dinheiro proporciona "tranquilidade", ou pelo menos nos ilude com tal sensação. O dinheiro abre oportunidades, traz conforto, possibilidades, luxo, vida abastarda, compra " segurança " com ele as pessoas se sentem blindadas , pois ha um ditado que diz que o dinheiro  a tudo compra, pessoas que se enveredam por este caminho começam a colocar todos os sonhos e força neste alvo . Olhar para o presente século e ver estas verdades imprimidas no coração dos homens não é de se assustar, mas o  estranho é que a " igreja  " embarcou nesta viagem e a cada dia caminha com firmeza nesta direção, contrariamos e muito a direção de Jesus para nós. O Senhor nos ensinou: reparta, e o mundo clama : " ajunte", o Senhor nos disse: não ajunteis aqui nesta terra   e o mundo diz , junte o máximo que puder , gaste o máximo.

Foto tirada das imagens do Google.

Foto tirada das imagens do Google.
Sutilmente uma mentalidade mundana tem invadido a mente e os corações dos filhos de Deus , não é de se estranhar que não se vê nos dias de hoje pouco amor sacrificial , pouca entrega , pouco desprendimento , nunca a igreja se importou tão pouco com os povos não alcançados, coisas que no passado permeavam o coração , os sonhos e os rumos de santos homens de Deus, homens que não se rendiam a um sistema mundano de se viver, homens que não permitiam a fascinação  pelas riquezas entrarem em suas casas,  e pra mim a razão de tudo é uma só: tais homens não amavam esse mundo , seus sonhos não podiam ser comprado com dinheiro , seus corações estavam cheios de  desejo numa pátria celestial, seus corações foram inundados de desprendimento , isso porque encontraram uma " pedra de grande valor " ,  e esse encontro arrebatou seus corações para fora deste mundo. Pais desejavam ver seus filhos amando a Deus , se dando pela causa de Cristo , e com isso formaram homens que foram exemplos de entrega , renuncia, generosidade, santidade , hoje o que vemos são pais que se dão por satisfeitos de verem seus filhos formados , bem empregados, com bons salários, bom carro, mesmo que em seus corações não exista " paixão  por Deus "... É triste ver que no  coração de alguns   parece se ter perdido a promessa de uma pátria  celestial , parece que nós nos esquecemos que Jesus disse que viria nos buscar e nos levaria para " casa" , fincamos sonhos em terra estranha, desejamos  repouso  em lugar que não é o nosso lugar, isso porque somos peregrinos e forasteiros neste mundo.

O apostolo paulo da um conselho a timoteo :
 
   I timoteo 6:

17 Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;
18 Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis;
19 Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.

Deus deseja nos livrar das fascinações do tempo presente , pois elas tem roubado a força do povo de Deus, os espinhos tem nos deixado infrutíferos, a marca do fim dos tempos seria essa: "homens amantes de si mesmo, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus.
A igreja do Senhor tem se perdido em meio a muitas coisas, mas a dura realidade é perceber que hoje já não somos tão desanimados com o mundo, a marca do povo de Deus era por um caminhar na contramão desse sistema falido, o Senhor esta nos chamando , chamando- nos  para voltarmos para simplicidade, a nos apegarmos a um viver simples, a perseguirmos nosso alvo:
Sermos conformados a semelhança de Cristo .

Não é de se estranhar que tais espinhos tem nos tirado a vida, a alegria, o prazer em Deus... Ja não e fácil encontrar homens desesperados pelo Senhor e por sua causa, nossos valores estão invertidos.   
Que Deus restaure em nossos corações desejo pela sua vinda ,que nossos corações estejam inundados de entrega, generosidade e amor por Deus e não pelo mundo ...        

Lucas 21:
34 E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia.
35 Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra.
36 Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem.

Reflexões de Bruno Lutero. Missionário em São Tomé e Príncipe - Africa.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Voltando pra Casa


É impressionante como 6 meses voam.  Em nosso local de origem, não vemos o tempo passar com tanta rapidez porque estamos envolvidos com tanta coisa, tantos afazeres, tantas coisas, que nem vemos o tempo fluir como um rio diante de nós. Imaginamos que as águas que estamos vendo são as mesmas águas, mas não são.
Amanhã, dia 11/01, estaremos voltando para casa. Estive aqui junto com minha família durante estes meses por causa de uma outra família; Rajesh, Bobby e Ritul. Partindo agora, vamos deixar saudades e levar saudades, ao mesmo tempo que em nossa cidade vamos rever muita gente que deixamos pra trás.
Mas é bom voltar pra casa. Mas foi bom também ver que neste tempo aqui fomos útil para Deus. Pudemos ver 17 batismos. Ver como a Igreja foi estruturada e fundamentada novamente nas verdades reveladas do Reino de Deus. Os que vieram antes e trabalharam aqui fizeram um serviço de abrir clareiras nesta mata da idolatria. Apenas continuei o que eles começaram. Mas vejo que há muito o que fazer por esta Igreja aqui em Bhubaneswar. Neste estado, Orissa, é proibido por lei fazer novos conversos. Aquém mudar de religião é terminantemente  proibido. Para fazermos os batismos, teve que ser algo escondido. No rio, tivemos que ir a um local distante, onde quase não havia pessoas. Os hinduístas se opõem fortemente ao Cristianismo.
Nossas experiências no campo espiritual também foram muito fortes. Sonhos estranhos, doenças inexplicáveis, fraquezas inesperadas, perturbações de toda sorte, principalmente na época que a cidade comemorava algum festival, que não são poucos. Quando veio o festival dos Hare Chrishnas, percebemos uma mudança clara no clima espiritual na cidade. Ficou mais pesado, mais obscuro. Parece que todos os demônios vieram para a festa.

Visitei alguns templos para conhecê-los, na qualidade de turista mesmo, mas sempre que ia, no mesmo dia, sentia alguma dor, ou na perna, ou no braço, nas costas. Parece que eles cobravam o seu preço. Dentro de dois dias, com oração, passava. Quando ia pregar em alguma casa de Hinduísta era a mesma coisa. Impressionante como a luta é real; você não vê, mas você sente.
Mas Deus está também trabalhando nesta nação. A idolatria aqui é uma coisa absurda de escrachada. Coisas que você só vê em terreiros de umbanda no Brasil, se você for ao terreiro, aqui você vê ao vivo e a cores, e a todo momento. Se você for pregar em uma favela, cheio da unção de Deus em sua vida, com certeza, pessoas vão cair endemoninhas perto de você.  Penso que aqui a Igreja Universal do Reino de Deus iria fazer a festa, pois tem demônio pra todo gosto. O sistema de castas entre os demônios nessas bandas funciona perfeitamente. E Deus está rompendo sua Luz no meio de toda esta treva.
Infelizmente, pude ver também que a Igreja Evangélica há muito tempo perdeu o fervor. Não há proclamação individual nas ruas. Vi apenas distribuição de folhetos no dia da Parada da Independência. Mas eles perderam o fogo do Espírito na vida, se tornaram formais. É claro que não estou falando de toda a Igreja Evangélica na índia, pois fiquei sabendo que no Sul do País a Igreja é muito atuante e dinâmica. No sul, há estados que, perante o Governo, querem se declarar Cristãos, pois mais de 60% da população já é Cristã. Mas quando se ouve falar destes números, deve se colocar todos os grupos que se declaram cristãos, católicos inclusive.
No mais, estamos voltando, e há muita coisa a ser feita em minha cidade neste ano de 2014. Contamos com a graça de Deus para isso. Que o Senhor nos dê forças para continuarmos atuando em sua obra.

Rivalver Lopes e Família



sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ex Feiticeiro se entrega a Cristo e tem a vida mudada.


A fogueira crepitava ante os olhos quietos e inquiridores daquele homem negro, altura mediana, forte na aparência, mas tranquilo na essência. Diante dele, o fogo consumia uma longa vida de feitiçarias, livros ensinando a fazer imprecações e maldições contra seus semelhantes. Este homem era o maior feiticeiro da ilha africana de São Tomé e Príncipe, localizada à altura do país de nome Gabão, no continente africano. Mas agora, ele sabia que sua vida, doravante, não seria mais a mesma. Seu passado de feiticeiro como profissão estava ali sendo consumido pelas chamas. Cumpriu-se a palavra de Deus na vida do Sr. Quiterino, "O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz". Lc 4:16.

TESTEMUNHO DO BRUNO, QUE ESTÁ EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, FAZENDO DISCÍPULOS PARA O SENHOR NAQUELE PAÍS.


Nesses últimos dias aqui em São Tomé temos nos alegrado bastante com tudo que o SENHOR vem fazendo. É animador ver que DEUS tem chamado muito homens e mulheres para segui-lo , cada um com uma história diferente. São Tomé é uma nação onde a prostituição o adultério , a feitiçaria tem por anos reinado na vida deste povo, e é super comum por aqui homens com 3, 4, 5  mulheres, pois o pecado já se tornou tão comum que ninguém mais se espanta com tal coisa. Mas seguimos anunciando Cristo Jesus, solução para uma humanidade doente. No mês passado conhecemos o Sr. Quiterino,  61 anos , 38 deles dedicado a feitiçaria, meio pelo qual se tornou uma pessoa requisitada e reconhecida em São Tomé e Príncipe, toda sua vida girava em torna da feitiçaria.   Ele viveu 15 anos em um país vizinho chamado Gabão , local onde a pratica de feitiçaria é comum, e lá se tornou feiticeiro e aprendeu os mais diversos meios de praticar o mal. Começamos a compartilhar sobre o reino de DEUS com ele,  durante duas semanas seguimos orando e jejuando para que Deus o abrisse os olhos. O Sr. Quiterino começou a ficar confuso e a cada dia com mais vontade de ouvir sobre Jesus, e Deus que é infinito em bondade e misericórdia, alcançou o coração desse pobre homem, gerando um profundo arrependimento em seu coração. Ele possuía diversos livros de magia antes de seu  batismo e todos foram queimados. Um destes, segundo ele, era de grande valor, pois existe poucos em toda África , de capa preta por nome de São Cipriano. Por todos estes anos de feitiçaria, o Sr. Quiterino era temido, pois todos sabiam que suas magias funcionavam bem. Ele usava um colar que segundo ele fora santificado ao diabo, e não poderia nunca ser retirado do seu pescoço, mas no dia em que Cristo adentrou em seu coração o tal colar juntamente com suas roupas de feitiço e os livros todos foram queimados, e o Sr. Quiterino desceu as águas , morrendo para o mundo e para o pecado, e nascendo para DEUS numa bendita esperança de nova vida por meio agora do ESPÍRITO SANTO que fora derramado em seu coração. ALELUIA!!!!!!! Só Deus tem poder de convencer um homem do seu caminho de morte , e hoje o Sr. Quiterino é um discípulo de Jesus , um novo homem , com um belo sorriso no rosto e pelas palavras dele, hoje tem "uma paz e alegria que jamais havia experimentado". 
Bruno e o Sr Quiterino

Peço a todos que orem por este precioso irmão, para que Deus o anime e o encoraja todos os dias a permanecer firme no SENHOR, pois desde seu batismo ele vem enfrentado afrontas de seus familiares e de amigos, pois toda sua renda e sustento vinham dos trabalhos de magia. Sua família tem dito a ele que irão morrer de fome se ele não voltar a fazer os trabalhos, mas o Sr. Quiterino se recusa a voltar as práticas do velho homem. Estes dias havia muitas pessoas na porta de sua casa com dinheiro nas mãos , solicitando que ele fizesse seus feitiços, mas ele se recusou  e disse que agora é um discípulo de Jesus e que nunca mais voltará a fazer tais coisas. Por este motivo, esse amado irmão tem enfrentado lutas no seu dia a dia, pois todo seu sustento vinha dessa vida maldita. Recentemente, ele estava sem nada em casa para comer, de repente, bate em sua porta um pessoa com $100,00 dollar em mãos (levando em conta que o salário mínimo aqui é de $ 40,00 dollar), uma proposta satânica diante da realidade de sua família. Por um momento, ele cedeu e disse ao homem que iria trocar de roupa para iniciar o trabalho.  Ao entrar em casa, trocou de roupas e, antes de descer, sentou-se na cadeira para pensar um pouco, dai Deus começou a dizer lhe que o velho Quiterino havia morrido e que agora ele era uma nova pessoa, que Deus iria cuidar dele. Foi quando ele deu um pulo da cadeira e disse ao rapaz: "tome aqui seu dinheiro eu não irei fazer nada, sou de Jesus", e saiu caminho a fora dizendo "sou de Jesus, sou de Jesus"... minutos depois o SENHOR incomodou um discípulo que foi levar alguns alimentos para Sr. Quiterino. Ele, ao ver os alimentados chegando, disse para sua familia: "EU NÃO DISSE QUE AGORA TENHO UM PAI!!! O PAI DO CÉU.... DEUS SEJA LOUVADO....ALELUIA"!!!!
Sendo treinado como discípulo de Jesus

Pois bem meus amados, pensando eu em como ajudar esse precioso irmão, pois agora temos um discípulo que precisa de meios para suprir sua casa e suas necessidades, devido a idade e o país não ter muito emprego começamos a orar  pedindo DEUS uma solução. O Sr. Quiterino tem um campo onde planta, milho, tomate , mandioca e algumas hortaliças , mas nunca deu tanta importância , pois nunca precisou tirar do campo seu sustento, pois com o dinheiro ganho nos feitiços tudo ficava mais fácil. Ele tinha 4 mulheres e era acostumado a gastar dinheiro com bebida, prostituição e suprir as 4 casas que tinha, mas graças a Deus, abandonou tudo, ficando com sua primeira esposa a qual vive a 30 anos. Mas a vida de  um camponês aqui não é nada fácil devido a grande dificuldade de se ter água no terreno, um item de luxo neste país africano.  Foi dai que, conversando com ele, me disse que se fosse possível ajudarmos ele a comprar uma bomba d'água, ele poderia trabalhar, plantar , colher e assim suprir suas necessidades. Uma bomba dessas aqui mais algumas mangueiras ficariam num custo de 400 euros , aproximadamente 1.300,00 reais. Penso que essa é uma boa oportunidade de cooperarmos, suprindo a necessidade desse nosso irmão. Vivemos em um tempo que somos levados a pensar demais em nossas próprias necessidades, mas que são, muitas vezes, caprichos, vaidades que esse sistema capitalista imprimiu em nossos corações. Mas creio que cooperar nisso tem um valor eterno. Que o SENHOR nos mova a ter um coração generoso e possamos, assim ajudar uns aos outros... 

forte abraço, Bruno.

A você, meu querido irmão em Cristo. Por favor, faça algo eterno. Ajude este querido em São Tomé a comprar uma Bomba D'água, para, da terra, tirar o sustento para si e sua família.
Se você sentiu que deve ajudar este irmão e mandar uma oferta generosa para ele, faça depósito na conta de Bruno Silva Neves
Bradesco
Agencia - 1696
Conta - 2700-6
CPF - 084.251.626-37

Se você desejar mandar pela Wester Union, é possível.
Dê o nome do Bruno, que vai ser o receptor e o numero do passaporte dele.
FE 732772
Deus abençoe a você pela generosidade de seu coração.
Se você desejar saber mais como está a obra em São Tomé e Príncipe, escreva para brunolutero@yahoo.com.br


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Bhukha

Homem em Bodh Gaya
Não vou poder dizer, não sabia, não vi! Vai ser impossível me explicar. Cada rosto, cada olhar, cada expressão, cada mão estendida é um clamor, um terrível clamor. Estes personagens existem por todo o mundo. E eles gritam, num silêncio rouco. E eles choram, num olhar seco, sem uma gota de esperança. São cidadãos de uma terra seca, e muitos imaginam que Deus a abandonou. Quando eles olham, fitam o nada; quando sorriem, os lábios carregam amargura, e expressam a tristeza interior mais profunda que o abismo do oceano. O abismo da alma... quão profundo e impenetrável é esta escuridão.
Tento entender através de um simples contato quem é aquela alma, o que ela pensa, como ela vive, mas a barreira da cultura e do idioma é muito grande, quase impenetrável. Busco a linguagem dos sinais pelos sentidos: cheirar, ver, ouvir, tocar...   “sorrir”: s-o-r-r-i-r... não há como fazer isso diante de tanta desilusão, tanta desesperança. É apenas uma pessoa, como zumbi desalmado, que vagueia pelas ruas, se apodrecem pelos casebres. Carregam o “carma”, alguns são “intocáveis”, na casta e no sentido mais forte da própria palavra. Estão imundos, dias e dias sem banho, barba carregada de fungos, furúnculos e pó por sobre a roupa e pele. Parecem estátuas ambulantes, com o olhar vazio, sem vida, sem lágrima, sem alma.
Jovem em Bhubaneswar

Como alcança-los meu Deus? Como mudar-lhes a vida? Onde buscar forças, recursos, para ajudá-los? Qual é o caminho da esperança? Onde é sua morada? Se há uma saída, onde ela se encontra? Meu coração sangra, chora por dentro, incapaz, desejando parar para não ver a dor deles. Como Senhor, poderia esta pessoa que está na minha frente chegar a Ti? Eu sei que, saindo daqui, minha vida continua, mas a vida dela também continuará, não só perambulando, mas também em minha mente, atormentando meus sonhos. Elas são um grito enorme de socorro. Eu as vi por um breve momento, mas Tu as vês continuamente, e eu sei que foi por elas também que Tu sangraste. Creio em Ti e minha esperança e de um dia poder contemplar teu rosto, mas elas, que esperança tem, se nem sabem que Tu existe?

Contemplar os perdidos sem poder ajudá-los é sofrer. Quando estava vindo de Bodh Gaya, deitado confortavelmente em minha cama, olhava pela janela, e me sentia deslizar junto com o trem pelos trilhos. Ele diminuiu consideravelmente a velocidade por se aproximar de uma estação. A paisagem já seguia pela janela mais lentamente, dando tempo à minha mente de fixá-las melhor. Quando a estação chegou e o trem seguia, minha janela parou quase na frente de uma garota que chamarei de Bhukha, provável idade de 14 anos, magra, roupas festivais cobrindo todo o corpo. Da janela pude ver que ela estava também deitada sobre monturos de roupas e cobertores. 
Bhukha
Ela observava o trem chegar, curiosa para poder ver alguém na janela. Curioso por ver aquela criaturinha, me firmei na cama, pernas cruzadas, para poder contemplar melhor. Assim que ela me viu, estendeu a mão pequena e a levou à boca, indicando que queria comida. Nossa conversa foi por sinais. Disse que não tinha. Insistiu, levando a mão à boca. Respondi que não tinha e ainda através de sinais, falei com ela para ir para a escola. Bhukha abanou o braço freneticamente dizendo que a escola ficava longe e que não tinha nada para ela. Então ela se levantou e veio em minha direção. Pés descalços, chegou perto da janela e fez o mesmo gesto. Peguei o celular para tirar a foto. Havia sombra onde ela estava e pedi para chegar para a luz. Assim que o fez, tirei várias fotos. Ela, lá fora, continuou pedindo comida. Disse que a janela não se abria. Respondeu para eu sair pela porta do vagão. Como não tinha comida, saquei da carteira 30 rupias e sai da cama. Cheguei à porta e ela estava lá. Lhe passei o dinheiro. Recebeu, mas disse que queria comida. Eu não tinha comida mesmo. Havia soldados do exército na estação. Iriam embarcar. Eles, curiosos, observavam aquela cena. Um homem, assentado perto de uma pilastra, falou com ela em tom nervoso. Ela voltou para sua cama e se deitou. Me aproximei dela e tirei uma foto. 
Homem em Bodh Gaya
Voltei para o vagão e minha cama. De lá, através de sinais, disse a ela que Jesus a amava, tocando na palma das mãos com o indicador. Não sei se ela entendeu, certamente que não. Estendeu a mão mais uma vez, pediu comida. Respondi que não tinha. Um casal chegou e ficou no compartimento em frente ao meu. Em uma sacola percebi que tinham banana. Pedi uma, peguei duas, e levei para a garota. O trem já estava saindo. O soldado do exército, que havia visto toda a movimentação entre Bhukha e eu estava à porta. Abri espaço entre ele e sua metralhadora. A garota ficava para trás. Gritei para ela, que olhou. Não queria jogar as bananas, por isso pulei do trem como um gato, pus as bananas maduras no chão, e tive que correr para entrar no vagão novamente. Da porta, junto ao soldado, vi que ela veio andando calmamente para pegar a fruta. O trem, alcançando velocidade, a deixava mais e mais longe de mim. Foi tudo o que eu pude fazer por ela. Mas, meu desejo interior era ter ficado ali, morar ali, cuidar dela, ser seu pai, dar comida abundante, roupa limpa, casa pra morar, educação, formação e formar a vida de Deus naquele coraçãozinho. Ou mesmo, levá-la comigo, naquele trem. Adotá-la como filha, dar a Bhukha um lar. Mas isso, para mim, naquele momento, era um sonho que ficava para trás à medida que o trem avançava. Deitei e fiquei pensando sobre tudo aquilo. Bhukha ficou em minha mente por vários kilômetros. Foram momentos de tristeza e reflexão sobre a vida humana, e as lutas que cada um enfrenta.
Menino indiano discípulo de
Bhuda
Homem tocando seu instrumento

Jovem pintando imagem de Bhuda













Mulher pedinte







Mendigo na estação de Gaya


























Estação onde encontrei Bhukha

Bhukha

Bhukha



















                                                       A propósito, Bhukha significa “Faminta”.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Cortando cabêlos

Não sou Budista, isso é apenas
um pano que comprei pra
me aquecer no inverno.
Hoje resolvi radicalizar. E de uma forma que nunca fiz em minha vida. Rapei a cabeça. A primeira vez que estive aqui na India fui a um salão e pedi para que meu cabelo fosse cortado. O cara me perguntou se era “Full” ou “Half”. Estas palavras significam Completo e Metade, respectivamente.  Imaginei minha cabeça como daqueles índios, rapada uma metade, ou um certo tipo de “punk”, sei la, respondi na lata: full. Só que, para o cabeleireiro, "full" era fazer cabelo, barba, bigode, massagem e algo mais. Eu, inocente, recebi inicialmente, a tesoura, que cortava meus parcos cabelos de forma suave e continua. Quando a primeira fase passou, veio a segunda, que era lavá-los com uma certa espuma que quase tomou minha cabeça toda. E depois de secar e tirar tudo isso, mais alguns detalhes no corte e então começou uma massagem no cocoruto. Enquanto estava somente na cabeça, tudo bem, mas quando desceu para as costas, passou para os ombros, desceu pelos braços e chegou  às mãos, ai, a coisa ficou séria.
“Este cara vai se apaixonar” – pensei. A massagem foi pesada. O indiano era bom no negócio. Queria fazer o melhor. A mim, aquela massagem não me trouxe alivio de nada, pois não estava precisando dela, mas foi bom para eu ter uma experiência transcultural nessa terra necessitada.
Mas hoje, 3 anos depois, estou no mesmo lugar, Bodh Gaya. Na mesma casa em que estive, rua Pachati, mas o barbeiro que tinha sua lojinha em frente ao templo Mahabody se foi. Por aqui, tudo mudou. Bombas foram explodidas por terroristas nas imediacões do templo e a policia cercou o local, mandou todos os comerciantes saírem, derrubou todas as lojas e construiu muros e cercas, reforçando a segurança do local. 
Rivalver e Bruno, missionários na Índia.

Ontem a noite falei para Lucas,  meu filho e o Bruno, missionário que mora na casa onde ficamos da ultima vez: “Amanha vou sair e rapar minha cabeça”. E foi o que fiz. Acordei 9 hrs, tomei café e desci, determinado. Dei apenas alguns passos descendo a rua e vi a barbearia aberta. Apos me sentar na poltrona ultra-mega-confortável de madeira bruta, um lençol azul foi colocado ao redor de meu pescoço. Olhei para mim mesmo. Pálpebras já cansadas, pele começando a se enrugar, algumas manchas insistentes em me amar ate a morte, barba crescendo de novo, grisalha... éééé, o tempo passa voando, pensei. O indiano, magro, franzino, lotado de cabelo na cabeça, preparava a navalha. Apos molhar meus ainda parcos cabelos, veio uma pequena sessão de massagem. Me lembrei do passado, da tortura anterior. Sei que não vai acontecer de novo, aqui é apenas rapar. O trabalho dele começou pela parte de trás da cabeça, e eu não via como ficava. Então veio a parte da frente, e ai, eu vi a luz...
Cegos esmolando nas ruas de Bodh Gaya.


Tive que dobrar meu pescoço para o trabalho da navalha. No meu colo os cabelos caiam aos cachos. Pelo espelho, vi o caminho feito pelo lado direito da cabeça. Não há como voltar. É esperar acabar. E com o pescoço dobrado, me lembrei de como Jesus se dobrou  para os flagelos dos romanos. Me lembrei das chicotadas, dos acoites, da coroa, do cuspe, da cruz... que comparação mais tosca Rivalver, nem se compara, me repreendi. Claro, nem se compara. Eu estava renunciando a alguns fios de cabelos, Ele renunciou tudo o que tinha. Mas eu estava ali por causa Dele, e dobrar o pescoço para perder alguma coisa, mínima que seja, me humilhou, e meus olhos se encheram de água, não por minha causa, mas por causa Dele, Jesus, que se dobrou por mim, se humilhou por mim, morreu por mim, ressuscitou por mim, voltará por mim. Alguém poderia falar agora: "que bobeira". Pode ser. Mas para mim teve muito significado.
E esta parte de “eu vi a luz” é apenas meu lado humorístico se manifestando, não o leve a serio. 
Jovens budistas observando um rapaz
pintando uma estátua de Bhuda
no Monastério Tergar, em Bodh Gaya.

Bj no coração de todos.

Rivalver Lopes

sábado, 28 de setembro de 2013

Feliz Aniversário Meu Amor

Certa vez completei anos em um campo missionário. Quando fiz 49 anos, eu estava em uma aldeia em Bihar, India,  localizada no meio do nada. As casinhas eram de sapê, com paredes baixas e feitas de tijolos de barro, sem nenhum tipo de reboco.  

As casinhas, algumas delas, tinham um pequeno espaço interno, onde os moradores costumavam fazer algumas reuniões para decidirem coisas relacionadas à aldeia. Assentado, junto com eles, falei que estava muito feliz por estar ali, naquela noite, sendo meu aniversário, e meu presente, Deus estava me dando, que era contemplar na vida de cada um a alegria de estarem ouvindo sobre Jesus Cristo.

Hoje, mais uma vez, estou no campo missionário, mas agora, é o aniversário de minha esposa Jane que estamos comemorando. Sinto-me abençoado por estar junto com ela e meus filhos aqui na Índia, mais uma vez, trazendo a palavra de Deus a este povo. Para Jane, é significativo reunir as irmãs da igreja para uma pequena comemoração e relacionamento. Ela está se esforçando para conhecê-las, indo em suas casas, levando coisas, conversando, participando.

No dia anterior, dei a ela um presente, levando-a a um hotel chic da cidade para que ela pudesse ser servida, tomar banho em banheira com água quente, receber café no quarto, tomar banho de piscina, dormir com o conforto do ar condicionado e acordar na hora em que bem entendesse. Todo marido sensato deveria presentear sua esposa com algo assim pelo menos a cada semestre. O hotel deu a ela um bolo e as flores já estavam lá, esperando, quando chegou. Era um quarto com dois ambientes, todo ornamentado e bem iluminado.

  Estar ali apenas uma diária foi como ter passado uma semana em outro local. A vontade é de ficar mais. Ainda mais quando a companhia tem tudo a ver comigo.

Declaração

Jane, dizer que te amo é empobrecer muito meu sentimento por você.
Hoje não sei mais onde termina o amor e começa minha dependência por você, ou se ambas se misturaram em uma espiral apaixonada, em um frenesi de paixão.

Você é minha querida, muito amada de meu coração, e meus desejos mais secretos são concretizados em você: seus carinhos, seu cuidado, sua amizade, nossa convivência...
Que bom é ter lhe encontrado. Obrigado por ter aceitado se casar comigo, topar estar ao meu lado para o que desse e viesse. Você para mim é melhor que dez filhos, melhor do que a juventude ou mesmo a velhice. Estar com você todos estes anos foi como se a cada dia eu fosse o presenteado, pela benção de ter você comigo, e me suportado, e me compreendido.

Sou grato ao Senhor por tudo isso que você é para mim.
Feliz aniversário meu amor.
Nunca é demais dizer: te amo, te amo e te amo.



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Canção para Pedro

"Volta, sobe ao monte! Sabe que ali teu Mestre morreu!
Solta tua rede, vê de perto o quanto sofreu!
Perdeu sua vida e por suas feridas perdão te deu.
E um amor mais forte inda que a própria morte,
Pois reviveu!
Caminha junto ao Senhor, não perguntes onde ele vai
Confia o teu caminho às mãos do Pai."
Grupo Vencedores por Cristo
Todos nós já fomos marcados em nossa juventude por alguma canção, que a gente escuta, e ela, de mansinho, se identifica com nossa personalidade. Dai ela faz amizade, se encosta, se impregna. Cola na sua mente e alma, e te fala bem profundo. Há muito tempo esta "Canção para Pedro" de Aristeu Pires, é a minha canção. E eu, sou o Pedro, este personagem que muitos de nós nos identificamos com.
Conhecemos Pedro do Novo Testamento, cheio de iniciativas ( se dispôs a morar no alto de um monte dentro de uma tenda )...
Levou Jesus para sua casa... creio que sabia que sua sogra não estava bem, e certamente, Ele iria curá-la....
Reabriu sua empresa de pesca e passou 7 dias tentando pescar e vender peixes depois da ressurreição de Jesus.........
Mergulhou quase nu na água gelada do Mar da Galiléia quando ficou sabendo que o homem na praia era o Senhor.......
Fez uma operação ao reverso na orelha de um soldado judeu sem usar anestesia, usando apenas uma espada......
Mentiu, negou, blasfemou, xingou, esperneou, temeu, encontrou os olhos do mestre, e fugiu.....
Depois se arrependeu, se levantou, pregou, ganhou vidas, formou um Corpo para Cristo....
............................................................ e morreu crucificado................................................................. 
............................................................ como seu Mestre.