domingo, 18 de agosto de 2013

Falando sobre Toques

     Há muitas formas de reconhecermos toques. Gosto de alguns. Gosto do toque de minhas mãos nas mãos de minha esposa. Sentir a espessura de seus dedos, da textura de sua pele, e isso me transporta ao passado, de quando ainda éramos solteiros, e juntos, caminhávamos em direção a um riacho. A tarde nos dizia "adeus", e a noite sussurrava "bem vindos" através de uma brisa que brincava juntamente conosco, pois brincávamos com nossas mãos, com nossos toques secretos, que, sem dizer uma palavra, expressavam todos os idiomas existentes no universo. Aquele simples toque cativou e ligou nossos corações, definiu nosso destino juntos, teceu nossos vínculos, e eu sabia... fui fisgado. Mas não fugi, antes, desejei. Não lacrei a porta do coração, antes, escancarei portas e janelas, e me expus, como um menino bobo que se meleca de doce, como ave recém formada as asas, se lança no espaço desconhecido. Assim fui eu.
     Ao vermos algo bonito, isso nos toca positivamente. Ao contemplarmos o degradante, nos toca negativamente, trazendo ebulições de desgosto e aversão. Olhamos para uma criança, e vemos pureza, e somos atraídos para tocar, cheirar, mordiscar, balbuciar em sua própria linguagem, pois o contato com ela nos remete a sermos crianças novamente. E gostamos disso.
      Para "tocarmos" canções, precisamos do toque, do contato com o violão. Ele se torna nosso companheiro, o abraçamos, deitamos nosso rosto sobre ele as vezes, como que sentindo a maravilha de agirmos como criador, soltando notas ao ar como pétalas ao vento. E a música nos deixa para tocar outros, depois de nos tocar na alma.
      O toque de Deus é mais ou menos assim e é o mais desejado. É aquele que toca a alma, vivifica o espírito humano a um patamar inigualável, eternamente superior aos toques na terra. Me ligar ao majestoso é um êxtase de pureza, de alegria, de algo mais profundo: de gozo Jesus disse que Ele sentia um gozo abundante, e queria muito compartilhar com seus discípulos este gozo que vem de Deus. 
     Me lembro quando fui batizado pelo/no Espírito Santo. Foi um êxtase. Para quem acredita nessa manifestação, ser batizado é a ante-sala do céu. O desejo é de voar, subir, subir e não parar, enquanto não chegar na presença do Insondável, e então, passar a eternidade tentando sondá-Lo, sem nunca conseguir qualquer resultado. Mas não há frustração, porque enquanto labutamos nesta busca efetuada pelo nosso espírito, nossa alma O adora, O admira, se encanta com Ele, e não se importa se O conhece muito ou pouco. Para nossa alma enamorada, o que vai importar mesmo é estar aos pés dEle e desejar nunca mais sair.
     Para quem não acredita que exista Batismo com o Espírito Santo ou que essa maravilha se manifestou apenas para a primeira Igreja, só tenho a dizer: "meus pêsames!".  Conseguiram teologizar e anular o Toque de Deus, que nos enche de gozo e de graça. Jesus tocou o cego, e ele voltou a enxergar. Maria Madalena tocou os pés de Jesus, e lágrimas brotaram de seus olhos, lavando sua alma. A poderosa voz de Cristo "tocou" os ouvidos inertes de Lázaro, fazendo-o voltar à vida.
     Quero o toque de Deus, todos os dias, toda hora, a todo momento. E você?

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