quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Trânsito na Índia

 
Vários tipos de situações que encontramos ao sairmos para pilotar.
 
   Quer passar por uma aventura muito grande? Venha pilotar uma moto aqui na Índia, principalmente em uma cidade extremamente lotada. A adrenalina aparece rápido, seus sentidos são usados ao extremo, audição e visão tem que estar a Mil por segundo. Aparentemente, não há regras, embora elas existam. Mas para um estrangeiro, como eu, não há estas regras, pois não as conheço. Então, apenas piloto, e tento não ser atropelado ou bater em uma vaca. Este é meu alvo. Em uma via larga no centro da cidade, separada por um canteiro central, a loucura é quase que total. Em um espaço de duas pistas e uma de reserva que funciona como acostamento, as motos disputam com os autos, que disputam com os carros, que buzinam para alguns caminhões, que desviam de touros no meio da pista. Eu não sei quem tem a preferência ou de que lado se deve ultrapassar, pois já vi de tudo por aqui. Imagino que cada um faz suas próprias leis, e tenta fazer ultrapassagens na base da buzina. Quem está na frente, ou acelera e sai do incômodo de ter alguém na sua cola, ou dá espaço para o outro passar.
Um gasta o arroz que comeu, o restante, aproveita.

     Os autos andam em uma velocidade média de 40 km/h, as motos, 60 km/h, mesma dos carros. Os caminhões, embora poucos, quando surgem atrás de um carro, liga uma buzina que quem escuta, imagina estar vindo é um trem atropelando tudo. Alguns motoqueiros se imaginam deuses do asfalto, em motos potentes, avançam “costurando” todo mundo, de lado a outro da pista, em manobras arriscadíssimas. As vezes, dois ou três passam testando suas habilidades. Pilotando hoje devagar, sem sair da minha pista, vi apenas um vulto passando e ouvi um “zzzuummm”... quando tentei olhar o que era aquilo, o motoqueiro já estava a uns 300 metros à minha frente ultrapassando os demais mortais como se não estivessem também na pista.
Quem usa capacete é só o piloto, os outros
não são obrigados por lei.


      Em minha aprendizagem através da prática, vi à frente um aglomerado de carros e aprendi; os amontoados de veículos se formam nas esquinas, quando alguns tentam mudar de direção, então, tenho que pilotar mais para a esquerda, para fugir deste mini-engarrafamento. Quando passamos este bloco, o transito fluiu, mas apenas para se aglomerar de novo, desta vez, pela quantidade enorme de veículos indo na mesma direção. Tentei sair daquele bloco ultrapassando alguns carros e autos, e quando peguei a pista da esquerda para entrar em outra avenida, dei de cara com um ciclista cuspindo no meio da estrada. Me desviei dele pelo único espaço que havia para passar, e atrás de mim mais dois motociclistas também o evitaram. Quando saí deste ciclista, dei de frente com a traseira de uma enorme vaca... Imagine a cena. A nova avenida que entrei não tinha canteiros, portanto, os carros que vem na outra pista geralmente invadem a sua pista. É necessário ficar atento para não se chocar de frente com qualquer coisa... e tem de tudo. Sem falar que na minha cabeça eu deveria estar pilotando pela direita, e tenho que ir pela esquerda. Tudo inverso. E se locomover neste universo de bagunça aleatoriamente arrumado é complicado, mas que, contudo, se torna uma grande aventura.
Geralmente não há guardas de trânsito
e nem sinal, cada um se vira como pode.

      Estatisticamente, embora a nós, ocidentais, o trânsito parece mais caótico do que no Brasil, lá acontece mais mortes nas cidades do que aqui, mas nas rodovias que ligam cidades, acontecem mais acidentes que nas cidades, devido ao auto número de motoristas de caminhões que dirigem bêbados ou sob o efeito de outros entorpecentes. Nem pense em dirigir ou pilotar nessas estradas em alta velocidade. A maioria delas passa por áreas rurais, e coligir com uma vaca é a coisa mais normal. Elas andam soltas por toda parte sem qualquer pessoa ou autoridade para perturbá-las. Elas tem livre acesso a qualquer lugar aqui na Índia. O risco de realmente você se envolver em um acidente é muito grande, mas, por incrível que pareça, me sinto mais seguro pilotando aqui do que em qualquer grande centro no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário